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Implementation of Education Through Nature Experience Focused on Waterside

Meus 50 dias na Terra do Sol Nascente

Nunca tive uma visão estereotipada dos japoneses, talvez porque no Brasil, especialmente em São Paulo, haja muitos descendentes das famílias que migraram quando o Japão enfrentava grave crise econômica. Pontualidade, trabalho, inteligência, hierarquia, hospitalidade. Isso eu já sabia que são características fortes na cultura nipônica – mas que, por outro lado, não estão necessariamente presentes em todos seus representantes. Também sabia, pelos muitos amigos nikkeis que tenho, que o japonês pode, sim, ser espontâneo, extrovertido e até rebelde.

Do Japão em si, porém, eu só conhecia relatos. E os que me chegavam pela imprensa, em geral, falavam sobre o contraste entre o tradicional e o moderno. De fato, aqui eu pude conhecer bastante da filosofia Nihonjinron, materializada nos lindos templos de Kyoto e Nara, no envolvente ritual da cerimônia do chá ou no modo discreto como muitas japonesas levam a mão aos lábios, quando vão sorrir. Também tive a oportunidade de ver a exuberância dos arranha-céus de Tokyo e a modernidade da noite iluminada de Kobe. Para mim, um objeto que ilustra bem a existência desses dois mundos é o vaso sanitário: de um lado, há o de estilo oriental, simples, ainda bastante utilizado; de outro, a privada ocidental, já bem difundida, multifuncional e automatizada.

O Japão me parece um exemplo positivo de superação. Após cerca de duzentos anos de fechamento ao estrangeiro, na Era Meiji os japoneses souberam transformar em oportunidade a imposição norte-americana de abertura. Assim, aprenderam os conhecimentos e tecnologias que vinham do Ocidente e os aprimoraram. Enfrentaram o trauma de duas bombas atômicas e extraíram dele uma conseqüência positiva: a resolução constitucional de desmilitarização. Não é possível visitar o museu de Hiroshima e sair com os olhos secos, sem estar convicto de que o desarmamento mundial, especialmente de armas nucleares, deve ser uma das prioridades de quem trabalha por um mundo mais sustentável.

O Japão se globalizou, sim, mas soube manter o valor de suas tradições. Saio do Japão com a impressão de que a palavra que melhor descreve a co-existência do tradicional e do moderno não seria contraste, mas convivência.  Você anda por Tokyo e, por um momento, sente-se quase sufocar na multidão. Poucos segundos ou metros depois, encontra um parque e se maravilha com a delicadeza das flores de cerejeira e entende o espírito sakura, de aproveitar os instantes belos e breves da vida. Já em Kyoto, você se deslumbra com a paz e a beleza dos inúmeros templos e seus jardins. Mas é só cruzar um tori e chegar à rua para ver o movimento intenso e apressado de veículos e pessoas.

Sushi e sashimi sempre fizeram parte do meu cardápio de comidas favoritas. Apenas perto de minha casa, em São Paulo, há mais de dez restaurantes de comida japonesa aos quais consigo ir caminhando. Continuarei a aproveitar bem essa boa vizinhança, de forma ainda mais especial. A partir de agora, sempre que comer um niguiri, recordarei emocionada a maravilhosa experiência que a Agência Japonesa de Cooperação Internacional – JICA me propiciou. Ter participado do Curso de Educação através de Experiências na Natureza Focado em Ambientes Aquáticos foi uma oportunidade que contribuirá para ampliar e melhorar a atuação da OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental, onde trabalho. Os 50 dias que passei no Japão representaram um período de muito aprendizado e crescimento também no campo pessoal. Por isso, sou extremamente grata ao povo japonês e espero, sinceramente, retribuir um pouco tanto carinho dedicando-me com afinco à execução do Plano de Trabalho que elaborei aqui.

Thaís Brianezi – educadora ambiental e jornalista

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