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Enhancement of Solid Waste Management Capacity(Advance, Planning & Policy) (B)

Entre outubro e novembro de 2015 tive a oportunidade de participar do treinamento "Enhancement of Solid Waste Management Capacity (Advance, Planning And Policy)(B)", oferecido pela JICA em sua sede na cidade de Kobe (JICA Kansai).

Sou servidor federal no Ministério do Meio Ambiente brasileiro e trabalho com a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está em vigor há 5 anos. O Japão é uma referência mundial em gestão de resíduos e há muitos anos já resolveu boa parte dos problemas que ainda lutamos para equacionar no Brasil. Assim, poder conhecer de perto a realidade de gestão de resíduos no Japão foi uma oportunidade muito preciosa e proveitosa, pessoal e profissionalmente.

Durante os 28 dias de curso, juntamente com mais 11 colegas da América Latina e Sudeste Asiático, tivemos aulas, apresentações e visitas técnicas para entender um pouco da relação da sociedade japonesa com os resíduos sólidos.

O curso teve um enfoque mais local, com bastante ênfase nos sistemas municipais de manejo de resíduos e nas diversas estratégias integradas de mobilização social e de educação ambiental. Com esta proposta, visitamos fábricas de caminhões e participamos da rotina da coleta pública; visitamos unidades de produção de equipamentos e de triagem e reciclagem de vidros, papéis, plásticos e outros resíduos recicláveis; conhecemos unidades de logística reversa de eletrodomésticos e eletroeletrônicos; acompanhamos atividades de educação ambiental em resíduos em escolas, jardins de infância e fazendas comunitárias, entre outras atividades. É interessante destacar que além do enfoque técnico, os cursos da JICA também incluem noções básicas sobre língua japonesa, sistema político, econômico e educacional e diversas atividades relacionadas com a cultura japonesa. Uma verdadeira imersão.

Embora o Japão seja conhecido por sua grande capacidade de automatização e desenvolvimento tecnológico de ponta, aos poucos fui percebendo que a tecnologia agregada à gestão de resíduos no Japão não parecia ser o principal fator de sucesso do modelo japonês. Os pontos que estavam me chamando mais atenção eram questões mais básicas: dedicação nas atividades essenciais, envolvimento da sociedade como um todo, autoresponsabilidade dos cidadãos para com o ambiente a sua volta.

Em essência, os modelos de prestação de serviço de coleta, tratamento, destinação final, responsabilidade compartilhada são em grande medida compatíveis com o que já é proposto (pelo menos no arcabouço legal) pela Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil. Mas a dedicação e o cuidado com que atividades básicas como coleta de resíduos é realizada no Japão faz toda a diferença. O que popularmente chamamos de "feijão-com-arroz", ou seja, as operações mais básicas, são muito bem planejadas e executadas, com capricho e dedicação. Os japoneses valorizam muito as atividades mais básicas e parecem entender que sem estes fundamentos, o sistema sofrerá nas etapas seguintes.

Da mesma forma, a responsabilidade compartilhada entre poder público, setor privado e sociedade civil organizada parece funcionar em relativa harmonia. Há muito engajamento voluntário de associações diversas nas atividades de resíduos sólidos, especialmente com as ações de educação ambiental, sendo grandes parceiros do poder público local na disseminação de informações e mobilização social para um bom funcionamento dos sistemas de gestão de resíduos. O sentimento de coletividade e o pragmatismo também fazem parte deste aspecto, em um país que tem uma capacidade extraordinária de se reerguer após os frequentes desastres naturais inerentes a esta região.

Mas o que mais me chamou atenção na relação dos japoneses com os resíduos sólidos foi o valor de auto responsabilidade que permeia a sociedade como um todo. Muito visível nas escolas e nos espaços públicos em geral, os japoneses se sentem responsáveis pelo ambiente que ocupam e pelos impactos que geram e os sistemas de resíduos refletem este valor. Não há lixeiras públicas nas ruas, por exemplo. Quando alguém gera algum resíduo na rua, carrega este resíduo consigo até chegar em casa ou em algum estabelecimento que disponha de lixeiras. Como resultado deste comportamento, vários custos com infraestrutura e mão de obra associados a limpeza pública (que no Brasil representam uma grande parcela dos orçamentos municipais de resíduos sólidos) são minimizados ou mesmo desnecessários em grande parte das cidades japonesas. Este tipo de comportamento chamou bastante atenção durante a Copa do Mundo de 2014 e pude perceber o impacto deste aspecto cultural na sociedade como um todo.

Em resumo, a vivência proporcionada pelo curso me fez voltar para o Brasil com um olhar mais atento à relação de nossa sociedade com os resíduos sólidos e como nossas políticas públicas refletem esta relação.

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