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Cláudia da Silva Lira Maj PM

Pelo presente, relato as experiências relacionadas do Curso de Gestor em Polícia Comunitária:

Durante a visita à Agência Nacional de Polícia obtivemos informações importantes sobre o histórico e organização da Polícia no Japão, polícia comunitária e medidas de prevenção de crimes: Criada em 1868 a polícia foi inspirada nos modelos da França e Alemanha. Em 1945 (pós guerra) houve forte influência do EUA. Em 1954 houve reestruturação (após saída dos EUA). A Agência Nacional coordena os assuntos de segurança pública. Há 47 polícias provinciais (47 delegacias). Há Comissões de Segurança Pública, que visam dar neutralidade e controle democrático. Dentro da Agência Nacional há um Departamento de segurança comunitária. Dentro da Polícia Provincial há um departamento de assuntos de Polícia Comunitária. Dentro do quartel de Polícia Provincial, na delegacia de Polícia há uma seção de assuntos de Polícia Comunitária (Koban, Chuzaisho e carros de patrulha). Do efetivo total da polícia, apenas cerca de 8% são mulheres. A polícia comunitária se baseia na confiança e na cooperação da comunidade. Observamos alguns gráficos, dentre eles, o de criminalidade, com pico de delitos no ano de 2002 e depois de cerca de 10 anos com redução significativa. Os fatores de aumento da criminalidade foram: Redução da solidariedade familiar; Aumento de autoestradas; Globalização de crimes; Surgimento de estrutura tecnológica de divulgação de informações (computador, celulares) de grande massa. Para reverter o quadro apresentado, as polícias, órgãos públicos, empresas e a comunidade se organizaram. No ano de 2015 registrou-se o menor número de casos registrados. Em 2016 continua reduzindo. Nesse processo, todos assumem seu papel: polícia, moradores da comunidade, empreendedores e associação autônoma. Como exemplo de medidas inibidoras para furto de bolsa, roubo de carro, invasão de casas (neste, houve estudos, criação e certificação de fechadura como de alta performance, com apoio da polícia), formação de grupos anticrimes (trabalho voluntário), reconhecimento e valorização. Apesar dos resultados expressivos, o nível de sensação de insegurança piorou em relação à opinião pública. 80% dos entrevistados se manifestaram inseguros. Esse é o grande desafio da polícia.

Em visita ao Departamento de Polícia Metropolitana de Tóquio assistimos ao vídeo institucional, bem como visita ao museu interno. Conhecemos um dos Centros de Comunicações da Polícia Metropolitana, onde os policiais recebem as ligações de emergência (telefone 110), as quais são repassadas para a delegacia e equipes de patrulhamento. Em média 5 mil chamadas diárias, a saber: 30% trotes e 70% úteis (30% tráfico; 20% criança perdida, poluição sonora; 16% brigas; 7,7% investigação criminal. 24% trânsito). O tempo de resposta médio é de 6 minutos e os recursos lançados no terreno possuem GPS, o qual facilita o controle. Todos os policiais possuem aparelho celular institucional (pifone) o que facilita o repasse de informações.

Na visita à Polícia Provincial de Shiga, tivemos informações sobre a região. Quase 7500 brasileiros residem em Shiga (7ª maior concentração no Japão), sendo boa parte empregada em mão de obra em diversas empresas locais. A polícia de Shiga possui efetivo de 2.269 policiais distribuídos em 05 Departamentos, 01 Academia e 12 Delegacias (52 kobans e 105 Chuzaishos). Observa-se redução de crimes e acidentes, com aumento das chamadas de 110. No ano de 2002 Shiga estabeleceu regulamento, em conjunto com a comunidade para reduzir o crime. Ex: patrulha de voluntários da comunidade que ajuda diversos segmentos, como na observação de trânsito em cruzamentos perigosos; regra rigorosa quanto à embriaguez alcoólica na direção, instalação de airbag em veículos. Shiga possui o 2º menor número de proporção entre policial/habitante.

Visitamos a sala de comando, sala de controle de trânsito e Koban da polícia marítima. Assistimos o treinamento de Kendô e Judô na escola de Polícia da província, bem como apresentação sobre as atividades desenvolvidas pela Polícia de Choque. O Chefe da equipe de salva vidas nos apresentou uma demonstração na piscina de salvamento, com 6 metros de profundidade, com o robô mitsui RTVD – 100 MK. Na saída, os policiais nos homenagearam com mensagens em português no painel de led e executaram o hino nacional brasileiro.

Ainda em Shiga, visitamos a delegacia de Higashi Oomi que possui 153 policiais, 07 Kobans, 21 Chuzaishos, 62 viaturas e população de 160 mil pessoas, sendo os maiores problemas de segurança pública são furto de veículos e drogas. A maior prevenção se dá por relações públicas (ações sociais), com distribuição de panfletos, encenações (teatros) e divulgação pela mídia. As principais atividades desenvolvidas são: patrulha (a pé ou em veículo), ronda e comunicação (visitas), ação inicial em local de ocorrência, e realização de visitas comunitárias.

Visitamos a escola Nippon Latino Gakuin existe há quinze anos e atende toda a província, com ensino de crianças de 01 ano até o colegial, com educação, alimentação e transporte. Ela tem reconhecimento pelo MEC desde 2003 e pelo governo Japonês desde 2011, o que facilita o ingresso do aluno em escolas locais. Ela possui 14 professores brasileiros e 4 voluntários. Na escola houve uma aula de segurança preventiva por policiais. Um policial falou por cerca sobre medidas de autoproteção, conversando com as crianças. Na sequência um segundo policial falou sobre educação no trânsito, repassando orientações sobre normas de circulação e dicas de segurança para que não se envolvam em acidentes e que a bicicleta não seja furtada. A atividade objetivou orientar as crianças com medidas preventivas e reforçou a necessidade de cada um cumprir o seu papel. Ao final, como forma de intercâmbio, alguns alunos voluntários fizeram perguntas aos policiais brasileiros.

Visitamos um Koban da estação de Youkaichi, onde pudemos acompanhar uma visita comunitária e também um Chuzaisho em Hirata, onde o policial nos mostrou um álbum com fotografias de eventos teatrais que desenvolve no município, nos quais de forma cômica orienta os adultos. Para trabalhar com crianças criou um super herói, o qual tem mais receptividade pelas crianças. Há problema com golpes por telefone na região. Ele reside com a família na parte posterior do local de trabalho. A principal atividade desenvolvida é a prevenção. A esposa atende algumas demandas e recebe salário. Atende cerca de 1004 famílias. A maior dificuldade é fazer contato com a comunidade.

Em Tóquio visitamos a Escola Primária Fujimigaoka de Takaido. Os professores nos prepararam, com a polícia local, uma demonstração de atividade preventiva junto à comunidade escolar. Na atividade, um policial, simulando ser um suspeito agressivo invadiu a escola, portando uma faca. Ele ameaçou funcionários e invadiu uma sala de aula. As crianças correm e o primeiro enfrentamento é realizado pelos professores, utilizando uma haste com a ponta bifurcada, onde juntos, fizeram a contenção inicial do suspeito. Em seguida chegam os policiais, que desarmam o suspeito e fazem a sua detenção. Com a situação controlada, o sistema de autofalante da escola, anuncia a chegada da polícia e prisão do autor, tranquilizando todos e convoca todos para o ginásio da escola.

Já no ginásio, após a conferência dos alunos, é realizada uma explicação sobre a atividade pela diretora. Em seguida, o inspetor de polícia Sr Fujiki, da Delegacia de Takaido, orienta sobre a atuação das crianças frente a pessoas estranhas, devendo gritar por socorro, andar em grupos, avisar aos pais sobre situações estranhas, avisar aos responsáveis onde vai, com quem anda, etc... Parte das crianças se retiraram e os alunos do 5º e 6º anos permaneceram para intercâmbio cultural com os policiais brasileiros.

Fizemos uma visita ao Koban de Hamadayama onde há cerca de 12 mil famílias cadastradas e o efetivo é de 15 policiais (sendo 3 femininas). Ele nos apresentou alguns relatórios de atividades, com base na escala, destacando os principais serviços desenvolvidos: serviço no Koban (vigilância interna e externa), serviço na rua (patrulhamento e visitas). As principais demandas são: acidentes de trânsito, brigas e furtos em lojas. Apresentou também armamentos e equipamentos, a saber: Revólver, colete com proteção para ataques com faca, algema, apito, celular (pifone), rádio (avisos e chamadas), bola com tinta fixante, prancheta de defesa, kits para atendimento de desastres.

Visitamos a Delegacia de Takaido Possui efetivo de 337 pessoas. A estrutura possui 6 Departamentos, sendo um deles de Polícia Comunitária (este tem efetivo de 193 policiais em turno de 24 horas), distribuídos em 11 Kobans (divididos em 8 a 16 subdivisões, espécie de setorização) – edificação com luza vermelha, 4 Chuzaishos e 2 Centros de Segurança da Comunidade (nestes locais há cerca de 20 aposentados trabalhando) – edificação com luz azul. Eles possuem 8 viaturas. O centro de segurança funciona de 8:30h às 17:15h todos os dias e os policiais prestam orientações o público, achados e perdidos e registram pequenos furtos.

Visitamos a Escola do Departamento de Polícia de Tóquio Breve histórico da Academia, que foi criada em 1874. No ano de 2001 foi criada a edificação que visitamos, com área de 91000 m². Há quase 2000 cadetes/ano. Há equilíbrio entre o número de profissionais que se aposentam e que os ingressam na Academia, sendo que o aluno recebe igual ao policial formado. Durante o estágio na Delegacia, o acompanhamento do aluno se dá pelos dirigentes da delegacia. O laço do aluno com os professores continua por toda carreira do policial. O efetivo feminino é inferior a 10% do total de policiais. Quanto ao alojamento, o aluno têm férias de verão e de ano novo (com duração de uma semana cada) e o resto do período é de dedicação exclusiva, alojado na Academia. O conteúdo do treinamento, no que se refere a POLÍCIA COMUNITÁRIA é de 47 aulas de 80 minutos para aluno com curso superior e de 64 aulas de 80 minutos para secundaristas. Neste aspecto, inicialmente há aulas teóricas (palestras), depois aula prática de procedimentos nos Kobans e por fim, retoma a teoria, com preenchimento de formulários e sinalização de trânsito. A malha curricular do curso é composta de 7 (sete) disciplinas. As avaliações são por prova escrita, prova prática e artes marciais; o percentual de aprovação no curso é entre 90% e 95%. Para ingressar o aluno faz prova escrita, entrevista e teste físico, pode ter entre 18 e 30 anos. O registro de antecedentes criminais impede a inclusão.

Realizamos ainda uma visita de cortesia na Embaixada do Brasil.

Ao final do treinamento, observamos diferenças entre as atividades e a convivência das pessoas na província de Shiga e em Tóquio. Semelhante fato ocorre no Brasil entre a Capital de um Estado e as cidades do interior. O conhecimento produzido durante este treinamento será de grande importância para o aperfeiçoamento e a consolidação da filosofia de polícia comunitária em nossa região.

Finalizamos firmando o compromisso de multiplicar o conhecimento adquirido.

Obrigada pela oportunidade!

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