Agência de Cooperação Internacional do Japão
A experiência de conhecer uma nova cultura e um diferente modo "fazer polícia" foi gratificante e surpreendente, pois ao presenciarmos as diferentes formas de trabalho, realizados pela polícia japonesa, aguçamos a capacidade de olhar de uma forma diferenciada para o nosso próprio ofício, e a partir daí, renovamos a disposição de criar novas ideias de policiamento preventivo. Sendo assim, todas as experiências vivenciadas no Japão trouxeram inspiração, esperança e alegria a todos os participantes da comissão brasileira que tiveram a honra de participar da visita técnica a Polícia Nacional Japonesa, visita esta que só foi possível através do convênio firmado entro o Governo Brasileiro e o Governo Japonês através da Agência de Cooperação Internacional do Japão - JICA.
Logo nos primeiro contatos com a comunidade japonesa, observamos que este povo tem uma rica cultura milenar que e profundamente respeitada por todos os membros da sociedade. A partir daí entendemos que o grande respeito às leis e as instituições é algo próprio do povo japonês, fato este que contribui diretamente para o sucesso da política de segurança pública do Japão. Sendo assim, notamos que, esse aspecto da cultura japonesa se amolda diretamente a formatação de sistemas comunitários dentro os quais se encontra o sistema de segurança pública.
O desenvolvimento do Sistema Koban durante a história da nação japonesa ocorreu com a ativa participação da comunidade, formando um sistema onde a polícia e a sociedade se apoiavam mutuamente, trazendo benefícios tanto para a força policial como para a sociedade como um todo. A importância dessa cooperação é enfatizada em todas as palestras e ações realizadas por policiais japoneses, desde o chefe da Agencia Nacional até o recruta mais novo que está para se formar na academia de polícia.
Chamou-nos atenção, ainda, a organização da força policial em uma polícia única, com uma identidade visual e doutrinária, fato que, segundo nossa observação, facilita a comunicação entre as 47 forças policiais provinciais de todo o Japão, elo este que é fortalecido pela atuação direta e sistemática da Agência Nacional de Polícia, que coordena a integração entre as forças provinciais e também age na elaboração, formatação e sugestão de leis sobre segurança pública que devem ser encaminhadas à DIETA (parlamento japonês).
Essa unidade da força policial é fator essencial para a facilidade do atendimento ao cidadão que em suas necessidades de segurança sabe a quem procurar e confia na força pública local. Essa relação de mútuo respeito é de grande importância, pois através desta parceria a Polícia Nacional do Japão ganha o respeito da comunidade, que vê o policial como um parceiro, fortalecendo a relação de cooperação entre a polícia e a sociedade.
A relação de proximidade entre a comunidade que é assistida e a polícia que trabalha para a manutenção da segurança pública traz bons frutos, pois, além manutenção dos menores índices de criminalidade do mundo, a Polícia japonesa agora tem como meta o aumento da sensação de segurança de seus cidadãos. E essa meta deve ser atingida através do fortalecimento da relação entre a polícia e o cidadão estreitando os laços para firmar esta parceria de sucesso.
Para conferir de perto as primeiras impressões que observamos do trabalho da Polícia do Japão foram programadas diversas visitas, "in loco" que foram realizadas nas Unidades Policiais da cidade de Tóquio e da Cidade de Higashiomi. Os organizadores do curso desejaram que visitássemos a realidade metropolitana de Tóquio e observássemos as diferenças que poderiam existir no contraste com a polícia de uma província do interior.
Tóquio é a capital do Japão com mais de 13 milhões de habitantes que tem um Produto Interno Bruto de mais de 1,4 trilhões de dólares anuais. Para se ter uma idéia da grandiosidade da cidade, se essa região fosse um país, facilmente se enquadraria como a 12ª Economia do mundo. Higashiomi, por sua vez, é uma cidade interiorana que se encontra na província de Shiga, os seus cenários bucólicos com várias plantações de arroz que abrigam uma população com pouco mais de 77 mil habitantes.
Podemos observar, desta rica experiência, que apesar das diferenças entre estas duas cidades, de população, número de ocorrências, área urbanizada e consequentemente a diferença entre as forças policiais como: efetivo, viaturas e edificações, as duas forças policiais trabalham na mesma linha doutrinária onde se privilegia a parceria com a comunidade e o apoio ao cidadão como prioridade do trabalho policial.
Acredito que seja este é o principal fator de sucesso da polícia japonesa, a participação popular nas questões de segurança pública e a contrapartida da Instituição policial, bem como do empenho individual de cada membro desta força, dando o melhor de si para o trabalho a favor da comunidade, transformando cada um dos membros desta cooperação nos elos de uma corrente em que o produto final e a segurança pública e a paz social.
