30/out: Dia Mundial do Uchinanchu: Entrevista com Humberto Marchezini, que participará do treinamento técnico da JICA, em Okinawa.

SDGs
SDGs
SDGs

2025.10.27

Para comemorar esta importante data, convidamos Humberto Victor Marchezini Buchler, que estará ao Japão no próximo mês, como bolsista JICA , no treinamento Tecnologia de Produção de Conteúdo de Vídeo (Programa Treinamento para comunidade Nikkei no Japão). Apesar de não possuir ancestralidade Nikkei, Humberto declara possui um “coração uchinanchu”.

Sobre a atuação na AOVC – Associação Okinawa de Vila Carrão.

• De onde veio o seu interesse em conhecer a cultura japonesa e a okinawana?

Meu interesse nasceu do convívio com a comunidade okinawana em São Paulo, que com o tempo se transformou em um laço afetivo. Sempre admirei o modo com que o povo japonês preserva suas raízes, mesmo longe da terra natal, com respeito, dedicação e gratidão. Aos poucos, percebi que não era apenas uma curiosidade cultural, mas um chamado. O estilo de vida de okinawanos, inspirado no “nuchi du takara (a vida é um tesouro)” me inspirou profundamente. Gostaria de entender essa força interior, essa serenidade que eles carregam, e aprender a expressá-la também no meu trabalho e na minha vida.

• O que o motiva a atuar como voluntário na AOVC - Associação Okinawa de Vila Carrão?

O que me move é o sentimento de gratidão. A AOVC me acolheu, me deu amigos e um sentido de pertencimento. Ser voluntário é a minha retribuição. Cada evento, cada projeto que ajudo a produzir na entidade é uma chance de manter viva esta cultura — não apenas nos livros ou nas festas, mas nos corações das pessoas. Desejo que os jovens sintam o mesmo orgulho que eu sinto quando vejo uma dança eisa, ou escuto um som de sanshin. A AOVC é mais do que uma associação, é uma ponte entre o passado e o futuro — e eu quero ser parte dessa travessia.

Participação nas aulas de japonês da AOVC

• Qual a sua impressão sobre as aulas de japonês, realizadas como uma continuidade do Projeto Comunitário “da JICA, Projeto de apoio ao Desenvolvimento Profissional no Brasil”, nas instalações do AOVC?

As aulas são uma experiência de alma. Aprender japonês ali é muito mais do que memorizar palavras, é aprender a ouvir, a respeitar, a ter paciência. Cada professor (sensei) ensina com o coração, e cada colega compartilha uma parte da sua história. Sinto que, a cada aula, entendo um pouco mais da forma japonesa de pensar e agir. É como se o idioma fosse abrindo portas dentro de mim, uma para a disciplina, outra para a empatia, e outra para o amor por essa cultura.

• Chegou a utilizar nas aulas algum material desenvolvido pela NPO ABC Japan?

Sim, utilizei o manual de etiquetas, e foi uma das experiências mais marcantes. Descobrir que até os pequenos gestos — como entregar algo com as duas mãos ou abaixar levemente a cabeça — carregam significado e respeito. Estes ensinamentos moldaram minha forma de ver o cotidiano. São detalhes que revelam um modo de viver mais consciente, onde o cuidado com o outro está presente em tudo. Esse tipo de aprendizado é o que mais quero levar comigo.

Inscrição, aprovação e expectativas quanto à bolsa JICA

• Como se interessou pela bolsa Nikkei da JICA e qual a sua opinião sobre o processo de seleção/aprovação?

Soube da bolsa Nikkei e, desde o primeiro momento, senti que era um chamado. Eu sempre quis unir minha profissão de produtor multimídia com algo maior — algo que tivesse propósito. A bolsa da JICA representa isso: a chance de aprender não apenas uma técnica, mas uma filosofia de vida. O processo de seleção é criterioso, e isso reforça a seriedade e o compromisso da JICA em apoiar quem realmente tem um propósito claro. A experiência de preencher os documentos do edital, reunir os materiais e refletir sobre meus objetivos foi em si um exercício de autoconhecimento e responsabilidade.

• O que espera do seu aprendizado em Okinawa? Como pretende aplicar seu conhecimento na AOVC?

Quero aprender não apenas sobre produção audiovisual, mas sobre o modo okinawano de contar histórias — simples, profundas e cheias de verdade. Espero trazer esse olhar para o Brasil e transformá-lo em projetos que inspirem outros jovens. Quero registrar memórias, criar vídeos, podcasts e documentários que mostrem a beleza da cultura uchinanchu. Pretendo aplicar tudo isso na AOVC, ajudando a dar visibilidade às histórias das famílias, dos voluntários, das danças, da fé. Quero que o mundo veja a força dessa comunidade do mesmo jeito que eu vejo.

Foto 1: Participação na Rádio Okinawa da AOVC.

Foto 2: Apresentando o Okinawa Festival (AOVC).

Foto 3: Comemorando o terceiro lugar no campeonato brasileiro masculino de Gateball em 2025.

Foto 4: Com os colegas e amigos no Okinawa Festival.

Compartilhe nas redes sociais!

  • X (Twitter)
  • linkedIn
Lista de Tópicos